domingo, 12 de janeiro de 2014

dos indicadores (e outros dedos mais)...



© deputado da nação


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Esta semana, coloquei a mim mesmo uma questão sobre a economia nacional que pertence à mesma área de estudo: se os indicadores são assim tão bons, porque é que a 'troika' continua a mostrar-nos o dedo do meio? Trata-se de uma perplexidade que, como a mão invisível de Adam Smith, explora a relação da ciência económica com o carpo, metacarpo e falanges. E é um problema que completa a teoria do economista inglês com outros patamares de visibilidade: a mão é invisível; os indicadores, só o primeiro-ministro e alguns dos seus amigos os vêem; e o dedo do meio, vêmo-lo todos nós. 

A mensagem de Natal de Passos Coelho deve, a esta luz, ser incluída na tradição da literatura profética, uma vez que analisa os indicadores que o primeiro-ministro vê mas que tanto nós como o INE só veremos, em princípio, no Futuro. A partir dos dados avançados pelo profeta, no dia 25 de Dezembro, podemos antever o ano de 2014. A nossa economia começou a crescer, e acima do ritmo da Europa. O emprego também já cresce e foram criados 120 mil postos de trabalho, só até ao terceiro trimestre. E o desemprego, especialmente o emprego jovem, está a descer. 
Pois, em 2014, as 120 mil pessoas que arranjaram emprego vão produzir riqueza provavelmente a cavalo dos seus unicórnios, acima do ritmo de crescimento da Europa. Com a ajuda da Fada dos Dentes, o número de desempregados descerá para níveis insignificantes. E, no primeiro semestre, Passos Coelho encontrará um sapo muito feio, a quem dará um beijo de amor, e o anfíbio transformar-se-á num lindo superavit da balança comercial. 
Portanto, tudo indica que vamos ter um 2014 fantástico. Resta apenas saber se será fantástico no sentido que a palavra adquire nos anúncios de shampôo (para descrever o aspecto do cabelo depois de lavado e penteado), ou no sentido tradicional (que designa as coisas que só existem na nossa imaginação).
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o "deputado da nação" nada tem a objectar ao que escreveu Ricardo Araújo Pereira, a 09 de Janeiro de 2014, para a revista VISÃO .


"disse!"



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